16.6.08

Para falar de meio ambiente com as crianças

Postado no blog Educom Verde:

Despertar o prazer pela leitura e, ao mesmo tempo, passar uma mensagem positiva sobre a natureza, também com prazer. Isso é possível? Para o músico Tino Freitas, do projeto
Roedores de Livros, com certeza...

"Dia desses recebemos o convite da Débora Menezes, que cuida com muito carinho do blog
Educom Verde, para escrevermos sobre Literatura Infantil, convidando os educadores ambientais a promover a educação ambiental por meio da leitura. Vale à pena explicar que o nosso projeto, o Roedores de Livros, oferece a um grupo de crianças no entorno de Brasília o contato com os livros. Acreditamos que o contato com a Literatura Infantil é uma importante ferramenta não só para estimular a fantasia - e com isso a criatividade – mas também para formarmos cidadãos com um melhor preparo para enfrentar o mundo real.

No projeto
Roedores de Livros não temos uma preocupação didática e a “moral da história” fica a cargo de cada leitor/ouvinte. Mas não pense que no campo da fantasia não existem livros que falem sobre educação ambiental. Por isso, escolhemos três histórias que gostamos muito e convidamos a todos, professores ou não, a descobrir o que estes livros podem oferecer, além de um mundo fantástico. Leiam para si, para seus filhos, para seus alunos. Compartilhem o que a Literatura Infantil pode oferecer de melhor para um adulto: a oportunidade de dividir seu tempo com uma criança.

Veja – e leia – as dicas!

Rosalina, A Pesquisadora de Homens
(Texto e fotos de Bia Hetzel, Ilustrações de Graça Lima, Editora Manati)
É um clássico. Mistura realidade e ficção sem ser enfadonho, cansativo. A personagem que dá título ao livro é uma baleia-jubarte que fala sobre a sua espécime e as atitudes do homem para com as baleias. Há momentos de extrema criatividade como quando Rosalina descreve seu primeiro encontro com os homens: “eles eram esquisitos, com quatro nadadeiras, como uma tartaruga sem casco”. No meio do livro, um fato real: o encalhe de uma baleia-jubarte no litoral do Rio de Janeiro em 1991.

É claro que nesta relação homem x baleias não podiam faltar arpões e vazamentos de petróleo no mar, porém Bia Hetzel deixa espaço para ações de preservação citando o trabalho do Instituto Baleia Jubarte. Parece incrível que uma história possa ficar boa com tanta informação, não é, mesmo? Mas Rosalina, a pesquisadora de homens consegue informar sem didatismo, numa história que encanta o leitor. O projeto gráfico também é primoroso. Mistura fotos da autora com ilustrações da premiadíssima Graça Lima.

Em determinado momento, foto e ilustração se combinam numa mesma página. Lindo de se ver. No fim do livro, depois de contar a história, a autora dedica duas páginas para falar sobre Rosalina, a verdadeira, lixo flutuante e baleias-jubarte. Este livro também recebeu o selo “Altamente Recomendável para Crianças” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

Tem um cabelo na minha terra
(texto e ilustrações de Gary Larson, Cia das Letrinhas)
É, antes de tudo, um livro muito engraçado. Uma família de minhocas (pai, mãe e filho) jantam em casa quando o pequeno minhoco encontra um cabelo na terra que comia. Ele acha tudo aquilo o fim da picada: “Estamos debaixo de todo o mundo! Somos o último escalão da cadeia alimentar! Comida de passarinho! Isca para pescaria! Que vida é essa, me digam! Nunca saímos para nadar, para acampar, para uma caminhada, nada! (...) E além do mais, eu já ia esquecendo, comemos terra! Terra no café da manhã, terra no almoço, terra no jantar! Terra, terra, terra! E agora, ainda por cima, vejam só! Aparece um cabelo na minha terra! O insulto final – não agüento mais! Detesto ser minhoca!”.

Papai minhoco resolve, então, contar a história de Benedita, uma linda donzela que vivia numa floresta e que se encantava com a magia da natureza. Durante um passeio, a tal Benedita vai se encantando com a natureza ao redor, enquanto o senhor minhoco, narra todos os equívocos daquele encanto superficial, oferecendo ao leitor um choque de realidade. Tudo com muito humor.

No final, o pequeno minhoco percebe que amar a natureza não é o mesmo que entender a natureza. Que o mundo natural é feito de conexões e que as minhocas também tinham sua importância para o bom funcionamento do todo. As ilustrações também trazem o bom humor do texto. Por exemplo, na sala de jantar das minhocas, a terra está servida em pratos, acompanhados de talheres. Gary Larson conta uma história divertida, inusitada que oferece caminhos para ensinar ao leitor sobre preservação do meio ambiente.

A árvore generosa
(Texto e ilustrações de Shel Silverstein, Cosac & Naify)
Carrega consigo o encanto das histórias eternas. Depois que a gente lê, quase sem querer, a guardamos na memória, na gaveta onde estão Chapeuzinho Vermelho e o Patinho Feio. Simples e belo. Encantador. Acompanha a relação de amizade entre uma árvore e um homem desde a sua infância, passando por sua juventude até a velhice. Sendo a árvore um símbolo da Natureza, e o personagem-homem comparado a todos nós, fica óbvia a relação em que para tudo usamos da natureza que gentilmente nos oferece diversão, casa, trabalho e descanso, sem exigir nada em troca.

O livro não fala das conseqüências desta amizade, pois o mais importante ali é mostrar a generosidade da árvore-natureza. Mas alerta, nas entrelinhas, para que nós saibamos desfrutar da vida com mais responsabilidade, afinal, somos filhos queridos da mãe-natureza. Somos?!"

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